NALDOVELHO
É no silêncio da noite que eu trato as feridas,
cicatrizo cortes, curo fissuras, fraturas, entorses,
dissolvo nódulos, lágrimas cristalizadas,
palavras que teimam encravadas,
poemas abortados por conta da desilusão.
É no silêncio da noite que traço meu rumo,
derrubo muralhas, elimino excessos,
submeto vontades e venço minhas paixões...
Mas só as que entopem artérias e veias, as outras,
ainda que doam, delas não abro mão, senão a vida fica vazia,
tipo calmaria, e eu, pedaço de pedra, cheio de limo,
nos fundos de um quintal sombrio chamado solidão.
É no silêncio da noite que eu percebo amplitudes.
realço os contornos, inquietudes, virtudes,
e atento aos contrastes reconheço meus erros,
desdigo besteiras, destruo meus medos, revelo segredos,
cerzidos meus panos, dissipo a neblina,
e percebo o confronto entre o anjo e o diabo,
acesos os archotes da madrugada que chega,
amanheço refeito e dou fim à escuridão.
lá fora, é setembro, e se eu bem me lembro,
finalzinho de inverno, pencas de azaléias,
prenúncio de uma nova estação!
Minha nossa, que coisa tremenda, a cada poema vc parece que se supera mais ainda, Naldo Velho, demais, bjs!
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