sábado, 24 de setembro de 2011

A DÁDIVA DA SUA CRIAÇÃO (ARQUIVO)


   NALDOVELHO

   Trago uma história escondida no fundo do peito,
   um segredo lacrado por velhos defeitos,
   e as pernas cansadas de andar sem abrigo,
   por tantas jornadas, por trilhas, perigos,
   por tantas batalhas fazendo inimigos,
   por tantas medalhas guardadas comigo
   e eu nem sei bem porquê me perdi de Você.

   Tenho os olhos embaçados por tentar Lhe enxergar
   por entre a neblina que reina em todo o lugar.
   Tenho as mãos machucadas na colheita do sal,
   o meu rosto enrugado pela força dos ventos
   e o meu corpo queimado pelos raios do sol.
   Trago a semente de um tempo que ainda há de nascer
   e quem sabe eu ainda possa semear por Você.

   Trago um cristal lapidado, alquimia dos tempos,
   e a certeza de um dia poder Lhe encontrar,
   e revelar na magia da mãe natureza,
   o remédio e a cura de tantas feridas.
   Tenho o carinho e a poesia brotando das mãos,
   trago latente a esperança de rever o inimigo
   e quem sabe a um amigo poder abraçar.

   Trago comigo a crença que o novo não tarda,
   trazendo consigo a revelação
   de um tempo sagrado de restauração,
   onde haja o abrigo e eu possa viver,
   onde não haja segredos, nem velhos defeitos,
   onde eu possa colher sem sangrar todo o sal,
   onde eu possa crescer sem ferir tanta gente
   e assim merecer a dádiva da Sua criação.

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