quarta-feira, 28 de setembro de 2011

HORA CERTA DE PASSAR (ARQUIVO)

   NALDOVELHO E DAMARIS

   Por calçadas, por esquinas,
   por outonos, descobertas,
   restos, folhas ressecadas,
   muitas lágrimas abortadas...
   Dizia o pai mais que depressa:
   filho meu não chora!
   Muita pressão, pouca conversa...

   Fui criança inocente,
   ousei sonhos, ganhei prendas,
   explorei noites de inverno,
   ruas, praças, chuva fina,
   colhi marcas, cicatrizes...
   Pra curar minhas feridas
   só com muita aguardente!

   Fui menino insolente,
   macerei ervas ardidas...
   Quem mandou perder o rumo?
   Madrugadas indecentes
   pelos becos desta vida...
   E o pai dizia sempre:
   este menino só dá trabalho! 

   Por caminhos inquietos
   fui sem medos, fui sem dono,
   não tirei o pé do asfalto,
   rompi todas as fronteiras,
   fiz loucuras, fiz besteiras,
   por caminhos que eu nem conto,
   aprendi a viajar.

   Se ainda hoje busco um rumo
   e não dispenso uma demanda,
   é por que tenho o sangue quente,
   mas bem sei onde pisar.
   Desta vida conheço um tudo,
   lado manso, lado bruto,
   hora certa de passar.

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