NALDOVELHO
Sei das estrelas que encantam o caminho,
do vento que acaricia o meu corpo
e que pacientemente esculpi em meu rosto
as marcas da solidão.
Sei do sussurro das águas de um rio
que insistentemente se põem a dizer:
saudade!
e da dor entranhada em meu peito
por esperas, desencontros, abandonos.
Sei das escolhas e do desencanto,
das portas fechadas e do desabrigo,
das noites insones e do meu caminhar,
quase sempre, em desalinho.
Sei do exílio que hoje me imponho
e da inquietude que alimenta meus sonhos,
sei que um dia há de existir um repouso
e que o verdadeiro amor desconhece
o significado da palavra adeus.
Sei da liberdade que teimosamente eu
proponho,
e da busca pela redenção,
sei que sou apenas mais um peregrino,
que escolheu ser sem rumo, sem prumo e sem
porto.
Sei que o seu nome tem gosto de ausência
e que o seu cheiro tem o odor da querência,
sei que sou um anjo caído,
que ao olhar em seus olhos descobriu
que ainda era um menino,
que não conseguia ser digno de você.
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