terça-feira, 20 de setembro de 2011

GOTAS (LUZ E SOMBRAS)


   NALDOVELHO

   Gotas loucas brotam tantas,
   salgadas, vadias e jorram fartas,
   inundam a cena e qual fonte de um rio
   criam corredeiras dentro do quarto.

   Gotas indecentes brotam urgentes,
   licorosas, ardentes, embriagam, viciam,
   principalmente aquelas que revelam vertentes
   e fecundam sementes lá dentro de nós.

   Gotas doídas brotam espremidas,
   são feito remédio e ainda que a dor
   permaneça latente, anestesiam-me os ais.

   Gotas que brotam, e em mim são freqüentes,
   revelam ardores, essências, odores,
   desejos, segredos, fraquezas, esperas...

   Revelam também o medo que eu tenho
   de um dia chorar e não saber o porquê.

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