NALDOVELHO
A espera
inquietante, o amanhã que não chega,
as horas tão
lentas, grudentas, sedentas,
o instante
presente preso ao passado,
e as janelas
da casa permanecem fechadas.
Lá fora um
anjo avalia os estragos,
aqui dentro
um demônio, estiagem de sonhos.
Lá fora um
vento sacode a cidade,
aqui dentro
calmaria, nostalgia, saudade.
Uma garrafa
de vodka, já pela metade,
papeis
espalhados pelo chão do meu quarto.
Palavras
recolhidas, reprimidas, indispostas,
poemas abortados
ou colocados de lado.
A campainha
da porta, faz tempo não toca
e o meu
telefone quando toca é engano.
Lá fora o
vento trouxe chuva bem forte,
aqui dentro
calmaria trouxe medo da morte.
E insônia
insistente avisa que é cedo,
vidraça
embaçada, cidade nublada,
o rádio
ligado, sintonia em desterro
e a música
que toca revela segredos,
remexe em
guardados, cicatrizes ardidas.
Lá fora o
tempo melhorou e amanhece,
aqui dentro a
chuva desperta e anoitece,
são águas, poemas, arrombadas as comportas!
Lá fora um
anjo sorri satisfeito,
aqui dentro o
poeta se aquieta e dorme.
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