NALDOVELHO
Palavras,
escolhas, fronteiras, delírios,
atalhos,
lembranças, clareiras, abrigos,
esperas,
romances, distâncias, desvios,
tomei uma
balsa do lado errado do rio,
naveguei,
naufraguei, me afoguei no passado,
fiz de um dia
nublado o meu manto sagrado,
e do amor que
eu sinto um precioso guardado.
Renasci no
teu colo, jugular nos teus dentes,
pra curar as
feridas, só com muita aguardente,
pra curar
minha dor, melhor morrer de repente,
mas morrer
bem depressa, apagar minha mente,
só assim o teu
cheiro se perderá em segredo,
só assim o
segredo permanecerá bem latente,
só assim o
meu medo se dissipará no desejo
de recomeçar
outra trilha, outra busca inquietante
de construir
outra vida, de preferência inocente,
pois por ser
hoje um homem que se fez tão descrente,
já não crê na
magia de que o amor é capaz,
já não se
apraz com seus versos, amargos demais !
Por não viver
no presente a harmonia e a paz,
por não ter
sido forte para desconstruir o passado,
agora, não
tem mais jeito, é tarde demais!
Melhor calar
e chorar para lavar o meu rosto,
quem sabe
assim eu desmancho o desgosto,
pois vivi
como um tolo, um poeta, um louco,
e fiz da vida
um imenso confronto...
Derrotei a
mim mesmo e não consegui triunfar.
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