quarta-feira, 21 de setembro de 2011

EM MEU PEITO (LUZ E SOMBRAS)


      NALDOVELHO

      Em meu peito eu percebo
      cicatrizes doloridas,
      tantas farpas espetadas,
      vez por outra ainda doem,
      toda a vez que o tempo muda
      reacendem-se os meus ais.

      Uma artéria entupida,
      algum sangue coagulado,
      respiração anda ofegante,
      batimento acelerado,
      inquietude insistente,
      sentimentos sufocados,
      uma insônia contumaz,
      nostalgia vive solta,
      fez morada em meus poemas,
      foi embora nunca mais.

      Em meu peito eu percebo:
      queimaduras bem recentes,
      o conflito eminente
      entre o anjo e o diabo,
      toda a vez que a lua atiça,
      sinto areia movediça,
      sinto um rio de águas quentes
      e me afogo um pouco mais.

      Em meu peito eu percebo
      um carinho ofertado,
      ainda estás nos meus guardados,
      não importa a distância,
      sobrevive a esperança,
      são lembranças preciosas,
      e a marca dos teus dentes
      ainda guardo de presente,
      e o cheiro de alfazema
      impregnado no ambiente.

     São gasturas, que eu confesso,
     entranhadas em meus versos,
     toda a vez que abro a porta,
     a saudade diz presente!

     Em meu peito eu percebo
     tua imagem tatuada,
     estiagem e abandono.

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