domingo, 25 de setembro de 2011

ESPESSA NEBLINA (LUZ E SOMBRAS)


   NALDOVELHO

   Não deixe a janela aberta,
   não permita que se dissipe a neblina,
   não devo descerrar a cortina,
   só após escrever um poema
   onde eu possa louvar o seu corpo,
   a sua pele, o seu cheiro, o seu gosto.
   Aí sim, gritar bem alto o seu nome,
   tornar público seus contornos,
   desnudá-la, causar um escândalo,
   um tributo a minha loucura,
   uma ode ao meu amor por você.

   Por enquanto, só a espessa neblina
   que cai sobre o meu quarto.
   Muitos segredos, histórias,
   tantos amores insanos,
   por vezes desejos estranhos,
   por outras carícias profanas...

   Melhor então preservar o segredo,
   melhor caminhar em silêncio
   para não profanar o sagrado,
   para não me perder de você.

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