domingo, 25 de setembro de 2011

DIAS DE LUZ (ARQUIVO)


   NALDOVELHO

   Há dias que não são nublados,
   são amplos, arejados, iluminados,
   com sol por inteiro exibido,
   janelas descuidadas, escancaradas,
   vento bisbilhoteiro e enxerido,
   com canto de pássaros nos ouvidos
   e com o sorriso a brotar abusado
   por pouco ou qualquer motivo,
   pois sem que haja explicação
   desaparece o aperto no peito,
   a inquietude e a lágrima latente.

   Há dias em que a alegria diz presente,
   e o pensamento viaja contente
   por doces lembranças, lugares,
   por tanta magia, poesia,
   que a mão que vive a chorar versos,
   apressa-se em misturar cores,
   para que numa tela disposta e sedenta
   possa ser projetada a luz de novo tempo
   que certamente um dia eu vou merecer ter.

   Há dias em que à tarde 
   me envolve em preguiças,
   que o crepúsculo acaricia e embriaga,
   e a noite se faz alcoviteira
   ao abrigar em segredo o nosso romance,
   e ao fechar os olhos às nossas ousadias,
   pois o prazer de explorar seu corpo,
   só se compara à beleza desses dias
   onde a eternidade deste instante
   ficará para sempre preservada
   em nossos guardados.

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