NALDOVELHO
Às vezes
penso em ti como um beija-flor
e aí te
percebo leoa de presas dispostas
a devorar-me
em postas, pois só eu sei
como tu
gostas de se servir de mim.
Às vezes
penso em ti como uma princesa
e aí te
percebo tal qual camponesa
a alimentar
os colonos, pois eu sei
que tu gostas
de ser servida assim.
Às vezes
penso em ti como um sonho,
e aí te
percebo delírio, armadilha,
linha
embaraçada, perigo, pois sei
que no fundo
gostas de ser vista assim.
Às vezes
penso em mim como um tolo
que vive de
alinhavar versos,
ritos
confessos, indecentemente insanos,
pelo desejo
de te ter em minha cama,
por uma noite
que seja, e ao acordar,
não mais te
encontrar ao meu lado,
pois só eu
sei como gostas de se servir assim.
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