quarta-feira, 21 de setembro de 2011

ÀS VEZES PENSO (LUZ E SOMBRAS)


   NALDOVELHO

   Às vezes penso em ti como um beija-flor
   e aí te percebo leoa de presas dispostas
   a devorar-me em postas, pois só eu sei
   como tu gostas de se servir de mim.

   Às vezes penso em ti como uma princesa
   e aí te percebo tal qual camponesa
   a alimentar os colonos, pois eu sei
   que tu gostas de ser servida assim.

   Às vezes penso em ti como um sonho,
   e aí te percebo delírio, armadilha,
   linha embaraçada, perigo, pois sei
   que no fundo gostas de ser vista assim.

   Às vezes penso em mim como um tolo
   que vive de alinhavar versos,
   ritos confessos, indecentemente insanos,
   pelo desejo de te ter em minha cama,
   por uma noite que seja, e ao acordar,
   não mais te encontrar ao meu lado,
   pois só eu sei como gostas de se servir assim.

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