sábado, 24 de setembro de 2011

A QUALQUER MOMENTO (PROSA POÉTICA)


NALDOVELHO

Dizem que vai explodir! E que foi colocada no meio da praça no centro da cidade. São muitas as praças!  Será?  Quando vai explodir ao certo ninguém sabe, só se sabe que muitas coisas serão destruídas. Desde o sorriso puro de uma criança inocente, até a lata de cola de um pivete indigente. Desde o carinho da mãe para o seu filho, até a bofetada de um filho da mãe.

Ninguém sabe quem colocou e ao certo, onde colocou. Só se sabe que todos estão com medo. Já pensaram se ela estiver na rede de esgotos? O efeito dos restos saindo por todos os buracos e fendas?

A verdade é que a cidade hoje acordou em silêncio, também pudera!  Disseram até que ela estaria no ventre de uma mulher grávida por desgosto, uma dessas violentadas pela vida.  Mas qual delas?  São tantas! 

Estes profetas não têm jeito, por causa disso os mais fanáticos, saíram pelas ruas matando todas as que estão, seja por gosto, ou por desgosto. Segundo eles, não dá para arriscar.

Muita gente esta fugindo para as montanhas, para os vales e até para o mar. Só que o medo os acompanha. Pode ser que ela esteja com um deles, quem sabe numa mala? Quem sabe encravada dentro de um coração? Quem sabe dentro da mente de algum cara indecente que até hoje não conseguiu se revelar?

É triste ver a debandada das pessoas indo para nenhum lugar, é triste ver as portas dos templos fechadas e os seus sacerdotes escondidos, amedrontados e a cidade deserta.

Ninguém mais se entende, pois têm medo da morte, pois têm medo da bomba que a qualquer momento pode explodir e ninguém sabe onde está.

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