domingo, 25 de setembro de 2011

ESTALAGEM DOS AMANTES (ARQUIVO)


   NALDOVELHO

   Estalagem dos amantes,
   refúgio dos descrentes,
   tantos anjos indecentes
   procurando se abrigar.
   Tanta gente inocente
   procurando se aquecer
   do inverno destes dias,
   desta chuva insistente...

   E serve um gole de aguardente,
   e traz alguém de colo quente
   que hoje eu quero esquecer,
   um amor incoerente
   que deixou dor de presente,
   que marcou qual ferro quente,
   mas que deu tanto prazer.

   Quero ficar só mais um pouco
   pra me curar deste veneno,
   foi mordida de serpente
   que hoje eu tento exorcizar.

   Logo, logo amanhece
   e eu espanto a solidão,
   pé na estrada, sigo em frente,
   vou atrás de outra ilusão.

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