segunda-feira, 19 de setembro de 2011

COLHEITA DE VERSOS (ARQUIVO)


   NALDOVELHO

   Colheita de versos, esparramados, dispersos.
   Ordená-los sem pressa, de preferência num livro,
   que é o melhor abrigo pros açodamentos do tempo,
   pois é lá que existe o remédio, a cura pro tédio,
   e a magia que propicia ao solitário a viagem
   por terras, amores, países estranhos,
   esquinas, romances, por colos, donzelas,
   por portas, janelas, todas elas sem trancas,
   sem trincos ou tramelas.

   Colheita de versos, paridos nostálgicos,
   profanos, bastardos, controversas escolhas
   que embora ainda doam, mostram sentimento,
   revelam as vivências que o poeta decidiu para si.

   Colheitas de versos, rimados ou não,
   metrificados, às vezes, não importam as regras,
   o que me importa a erudição?
   Algemas que impedem que o dito seja dito
   sem nenhum constrangimento,
   pois é a palavra que nos revela
   todo o encantamento que precisamos viver.

   Colheita de versos que eu proponho confessos,
   revelam segredos, exorcizam meus medos,
   cicatrizam feridas, tiram de mim a casca
   que eu precisei construir para sobreviver.

   Colheita de versos, que bom que eu os tenho!
   Ainda que safados, indecentes, indigentes
   e ejaculados sem pressa vão fertilizando as folhas... 
   Quem sabe algum dia alguém possa colher?

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