domingo, 25 de setembro de 2011

ESPÓLIO DE GUERRA (ARQUIVO)


   NALDOVELHO

   Quisera colher em teus lábios um sorriso,
   um que fosse assim sem juízo,
   tipo, loucura muita é coisa pouca,
   e aí, na beira do abismo,
   enlouquecido, escorregar!

   Quisera colher em teus olhos um carinho,
   um que dissimulasse por inteiro a peçonha,
   tipo, só percebi quando era tarde...
   Nem deu pra entender o que me aconteceu!

   Quisera colher em teus braços um aconchego,
   um que fizesse de mim tua presa,
   e caça abatida, jugular em teus dentes,
   só me restasse a morte!
   Mas só depois de saborear
   teu corpo, em cada detalhe.

   Quisera deixar em tua carne minhas marcas,
   e ainda que redundante gritar bem alto o teu nome,
   e ao não saber das minhas pernas, virar espólio de guerra!

   É só tomar posse, nada tenho mais que seja só meu!

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