domingo, 25 de setembro de 2011

ESTILHAÇOS (ARQUIVO)


   NALDOVELHO

   Não quero vê-la fragmentada,
   aos cacos, estilhaçada,
   com o corpo aos pedaços,
   espalhados pelo quarto. 

   Quero vê-la poderosa
   a tomar conta do seu ninho,
   ferida, faminta, que seja!
   mas com as garras de fora
   a proteger as crias,
   senhora do seu espaço.

   Sei o quanto é perigosa,
   já senti suas presas
   enterradas em minhas veias.
   Já lhe servi do meu sangue
   e você já se alimentou
   de minhas entranhas,
   muitas vezes,
   num misto de dor e prazer.

   Quero vê-la, bela, esfinge,
   metade mulher, metade leoa,
   um anjo alado molhado de pecado,
   sempre pronta para me seduzir.

   Só não quero vê-la derrotada aos pedaços,
   prefiro morrer e que seja em seus braços,
   pra depois renascer de você.

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