sábado, 24 de setembro de 2011

ESTIAGEM (ARQUIVO)


   NALDOVELHO

   Estiagem de versos, securas, ardências,
   de noites sem lua, que envergonhada se esconde.
   Para onde foi a amante, a musa indecente?
   E poeta romântico por onde se esconde?
   Poemas estranhos, cristalizada a essência
   e as teclas do piano, emudecidas, não soam...
   Gasturas da vida, calmaria dos ventos.
   A lágrima que não escoa, que vacila reticente.
   O sonho de um tolo, já não se faz mais urgente.
   E os segredos de alcova confessados entre os dentes?
   São sussurros doídos, grunhidos latentes.
   Por onde andará a poesia que brotava em vertentes?
   Quem sabe da semente lançada ao vento?
   Procura-se um tempo de prendas, presentes,
   de novembros tão fartos e desavergonhadamente tão quentes.
   Procura-se um romântico e um coração descuidado.
   Procura-se um tolo, um poeta descrente.

Nenhum comentário:

Postar um comentário