NALDOVELHO
Acorda a
corda
do violão que
discorda
e se nega a
ficar afinada,
harmonizada
à outras cordas
e por tanta e
insistente teimosia,
impede que eu
faça a melodia
que a poesia
precisa e pretende
para
enaltecer em mim o amor.
Acorda o
verso
que sonâmbulo
se fez desconexo,
embaralhado
dentro do tema,
a gargalhar
na hora do pranto
e a ironizar
com o desencanto,
pois não foi
tão bom nem tanto,
melhor então
que acabou!
Acorda a
lágrima
que sonolenta
entalou na garganta
sob o
pretexto de matar-me a sede,
lágrima
salgada e desencontrada,
só aumenta a
secura que estou
e não revela
o dor que ficou.
Acorda o
sonho
que por
instantes virou pesadelo,
de sombrias e
insanas imagens,
sentimento
transformado em miragem,
coisa sem
sentido, bobagem,
histórias de
um poeta bem tolo,
obsedado pelo
desamor.
Acorda os
olhos
e veja o que
a vida ensina,
expulsa do
quarto a neblina
e assim
rebelado reafirma
que coração
de poeta é mais forte
resiste ao
desalento e a morte,
para que com
raiva eu escreva
um poema de
amor
ao muito que
nos restou.
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