quarta-feira, 21 de setembro de 2011

ACORDA! (LUZ E SOMBRAS)


   NALDOVELHO

   Acorda a corda
   do violão que discorda
   e se nega a ficar afinada,
   harmonizada à outras cordas
   e por tanta e insistente teimosia,
   impede que eu faça a melodia
   que a poesia precisa e pretende
   para enaltecer em mim o amor.

   Acorda o verso
   que sonâmbulo se fez desconexo, 
   embaralhado dentro do tema,
   a gargalhar na hora do pranto
   e a ironizar com o desencanto,
   pois não foi tão bom nem tanto,
   melhor então que acabou!

   Acorda a lágrima
   que sonolenta entalou na garganta
   sob o pretexto de matar-me a sede,
   lágrima salgada e desencontrada,
   só aumenta a secura que estou
   e não revela o dor que ficou.

   Acorda o sonho
   que por instantes virou pesadelo,
   de sombrias e insanas imagens,
   sentimento transformado em miragem,
   coisa sem sentido, bobagem,
   histórias de um poeta bem tolo,
   obsedado pelo desamor.

   Acorda os olhos
   e veja o que a vida ensina,
   expulsa do quarto a neblina
   e assim rebelado reafirma
   que coração de poeta é mais forte
   resiste ao desalento e a morte,
   para que com raiva eu escreva
   um poema de amor
   ao muito que nos restou.

Nenhum comentário:

Postar um comentário