NALDOVELHO
Trago versos
retorcidos
extraídos do umbigo,
extraídos do umbigo,
coisas tantas
dissolvidas,
tudo em forma de poema,
tudo em forma de poema,
tudo exposto
na loucura,
madrugadas de insônia
madrugadas de insônia
por atalhos
percorridos,
pelas dobras de um tempo
pelas dobras de um tempo
de imagens
distorcidas,
por esperas, desenganos,
por esperas, desenganos,
frutas
tenras, muito trigo,
marcas feitas, muitas vidas
marcas feitas, muitas vidas
na colheita
das sementes,
cicatrizes, tatuagens,
cicatrizes, tatuagens,
existências,
conseqüências.
Trago a
crença no caminho,
águas claras, corredeiras,
águas claras, corredeiras,
cordilheiras,
noite adentro
pela beira do abismo.
pela beira do abismo.
trago o grito
reprimido
de um passado ainda vivo
de um passado ainda vivo
e a revolta
ainda sangra,
coração descompassado,
coração descompassado,
e as mãos
ainda clamam
por batalhas, descobertas,
por batalhas, descobertas,
muita dor
ainda implora,
quantas farpas espetadas.
quantas farpas espetadas.
Muito sonho,
muitas lágrimas
em cantigas que eu entoo,
em cantigas que eu entoo,
melodias que
eu proponho.
Trago os
dedos calejados
e os pés dilacerados,
e os pés dilacerados,
algumas
prendas, coisa pouca,
e em minha mala pouca roupa,
e em minha mala pouca roupa,
um litro
cheio de aguardente,
ainda tenho o sangue quente,
ainda tenho o sangue quente,
alguma erva
pra consumo,
vez em quando perco o rumo,
vez em quando perco o rumo,
um amor que
anda latente,
por escolha, tão distante,
por escolha, tão distante,
mas deixou
delicadeza
e saudade sobre a mesa,
e saudade sobre a mesa,
vez por outra
ainda choro
resmungando o seu nome.
resmungando o seu nome.
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