domingo, 25 de setembro de 2011

EM BUSCA DA REDENÇÃO (ARQUIVO)


   NALDOVELHO

   Por todos os cantos e lados,
   por ruas, por becos, passagens,
   por vias transversas e praças,
   por muitas aldeias, cidades,
   busquei o aconchego fraterno,
   busquei o abrigo seguro,
   usei como senha o Teu Nome,
   encontrei na frieza dos homens
   a distância, o silêncio nervoso
   e até o gesto raivoso
   de quem não me reconheceu
   como um ser igual, um irmão.

   Por trilhas, caminhos, atalhos,
   por terras desertas, distantes,
   oásis, clareiras, montanhas,
   por tantas e quantas nascentes,
   por rios, por deltas, por mares,
   procurei um sinal, uma marca
   que me trouxesse enfim o conforto,
   de um porto, de um ombro amigo. 
   Quem sabe numa pequena estalagem,
   num ser humilde do campo,
   que quisesse dividir comigo
   a paz, a harmonia, o encanto
   de viver no amor e na crença
   de um mundo melhor e mais justo,
   onde os seres se reconheçam
   como filhos de um mesmo Pai?

   Uma vez mais encontrei o silêncio,
   a incerteza, o ódio e a cegueira
   de quem não se permitia um abraço,
   um sorriso, um aperto de mão.
   Continuei a jornada, tristonho,
   eremita, andarilho, um banido
   com a certeza de ser um caído
   em busca da redenção.

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