segunda-feira, 19 de setembro de 2011

CORPOS ENTRELAÇADOS (ARQUIVO)



   NALDOVELHO

   Sorrisos, olhares, odores, texturas...
   palavras cálidas, tão ávidas, ternuras,
   carinhos insanos, profanos, procuras,
   janelas fechadas, inquietudes, loucuras,
   verdades expostas, paridas ardidas,
   línguas embaraçadas, querências doídas,
   lágrimas tontas, choradas espremidas,
   o silêncio e o sonho a forjar nossas vidas.

   Minhas pernas destoam, embaralhados os passos,
   suas marcas tatuadas a ferro e fogo em meus braços,
   lacunas, vazios, preencher os espaços,
   deixei em seu leito minhas marcas, meu rastro,
   na procura de outras vias, concretas, confessas,
   que me levassem pra dentro e que fosse depressa,
   pois nada mais o quê se diga sobre nós interessa!
   Melhor mantermos apertados os nós que nos restam.

   Cortina entreaberta a tarde anoitece
   e o silêncio revela o sussurrar de uma prece.
   Ao som de um piano um coração que se aquece,
   se contraí num orgasmo e depois adormece.
   Não deixe a semente lançada a esmo,
   não levo mais nada além da dor de mim mesmo,
   dor de poesia que sobrevive e me assanha,
   na madrugada de versos que ao meu corpo se entranha.
   São versos molhados, cadenciados, ousados,
   com rimas perfeitas de corpos entrelaçados.

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