NALDOVELHO
Sorrisos,
olhares, odores, texturas...
palavras
cálidas, tão ávidas, ternuras,
carinhos
insanos, profanos, procuras,
janelas
fechadas, inquietudes, loucuras,
verdades
expostas, paridas ardidas,
línguas
embaraçadas, querências doídas,
lágrimas
tontas, choradas espremidas,
o silêncio e
o sonho a forjar nossas vidas.
Minhas pernas
destoam, embaralhados os passos,
suas marcas
tatuadas a ferro e fogo em meus braços,
lacunas,
vazios, preencher os espaços,
deixei em seu
leito minhas marcas, meu rastro,
na procura de
outras vias, concretas, confessas,
que me
levassem pra dentro e que fosse depressa,
pois nada
mais o quê se diga sobre nós interessa!
Melhor
mantermos apertados os nós que nos restam.
Cortina
entreaberta a tarde anoitece
e o silêncio
revela o sussurrar de uma prece.
Ao som de um
piano um coração que se aquece,
se contraí
num orgasmo e depois adormece.
Não deixe a
semente lançada a esmo,
não levo mais
nada além da dor de mim mesmo,
dor de poesia
que sobrevive e me assanha,
na madrugada
de versos que ao meu corpo se entranha.
São versos
molhados, cadenciados, ousados,
com rimas
perfeitas de corpos entrelaçados.
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