quinta-feira, 22 de setembro de 2011

A DOR QUE EU TENHO (ARQUIVO)


      NALDOVELHO

      As horas que passam, tão lentos os dias.
      Vidraça embaçada, a chuva é tão fria.
      Respiração afrontada denuncia o cansaço.
      O peso dos anos e dos muitos enganos.
      A pele ainda é fina, esgotaram-se os planos.
      
      As cicatrizes incomodam, medalhas que eu trago,
      pelas muitas batalhas e pelas poucas vitórias.
      Alguns raros poemas decifram dilemas
      e nas minhas entranhas sobrevive um teorema,
      equação tão estranha a revelar uma incógnita,
      tipo, decifra-me ou te devoro!
      
      Infinitas escolhas a aumentar meu desânimo.
      A chuva ainda é fria e a cidade cinzenta,
      molhada e sonolenta, como o passar das horas,
      das horas que eu temo...
      E a incógnita prevalece na inquietude que eu tenho.
      
      Muitos poemas, guardados, calados,
      revelam a dor que eu trago comigo:
      dor de poeta que se fez solitário,
      dor de criança que perdeu a inocência,
      dor de um homem que não venceu os seus medos
      e que sabe que ainda é pouca
      a bagagem que conseguiu acumular.

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