NALDOVELHO
As horas que
passam, tão lentos os dias.
Vidraça
embaçada, a chuva é tão fria.
Respiração
afrontada denuncia o cansaço.
O peso dos
anos e dos muitos enganos.
A pele ainda
é fina, esgotaram-se os planos.
As cicatrizes
incomodam, medalhas que eu trago,
pelas muitas
batalhas e pelas poucas vitórias.
Alguns raros
poemas decifram dilemas
e nas minhas
entranhas sobrevive um teorema,
equação tão
estranha a revelar uma incógnita,
tipo,
decifra-me ou te devoro!
Infinitas
escolhas a aumentar meu desânimo.
A chuva ainda
é fria e a cidade cinzenta,
molhada e
sonolenta, como o passar das horas,
das horas que
eu temo...
E a incógnita
prevalece na inquietude que eu tenho.
Muitos
poemas, guardados, calados,
revelam a dor
que eu trago comigo:
dor de poeta
que se fez solitário,
dor de
criança que perdeu a inocência,
dor de um
homem que não venceu os seus medos
e que sabe
que ainda é pouca
a bagagem que
conseguiu acumular.
As cicatrizes incomodam, medalhas que eu trago,
Infinitas escolhas a aumentar meu desânimo.
Muitos poemas, guardados, calados,
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