NALDOVELHO
Dias sombrios, enlameados,
visguentos.
A lâmina afiada expondo as
entranhas,
dantesca é a visão de um corpo
por dentro.
A vida mutilada por forças
tamanhas
e um grito de dor arranha os
ouvidos.
O medo estampado num rosto
ferido,
estranho concerto, sinfonia do
caos.
O momento presente espremido
em meus braços,
misturado ao sangue de um
infeliz mensageiro,
imagem contorcida de concreto
e aço
e uma criança a implorar pelo
seio da mãe.
Um anjo assiste a tragédia que
existe
no fanático que colérico
esbraveja e insiste
em dizer que a chama depura e
renova
e que ao mártir será reservado
a companhia de Deus.
Quem foi que abriu os portões
do inferno?
Quem foi que soltou o cão
raivoso?
E a lâmina afiada prossegue
nervosa
a expor as entranhas de um
homem sincero
e de um inocente palhaço que
padece em meus braços.
Quem se atreverá a escrever
num poema
um epitáfio voraz que dê
crédito ao homem
pela libertação do tinhoso?
Quem sabe o que a Misericórdia
de Deus
possa nos reservar?
Longa é a estrada do ranger de
dentes,
centil por centil Ele há de
cobrar.
Ainda bem que um outro anjo se
martirizou no esforço
de tentar com os seus atos um
caminho de Paz
ao ousar um poema que
traduzisse o desgosto
daqueles que ainda crêem no
que o amor possa dar.
Longa será a seara de um dos
Homens do Caminho
que no dia de hoje retornou ao
seu Lar.
Dedicado a todos aqueles
que pereceram em conseqüência
de atos terroristas
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