NALDOVELHO
É um tal de
tropeçar em palavras
expostas
desordenadas
por todos os
cantos da casa,
e toda a vez
que tento
disciplinadamente
organizá-las,
elas
teimosamente frustram
o meu intento
e sentido,
e assim sendo
insistem
em permanecer
destrambelhadas
a atormentar
o poeta
que
desesperado implora
que cessem de
uma vez com a orgia
que a
inspiração que eu temo
semeou por
aqui.
E o pior é
que algumas delas,
promíscuas e
obscenas,
em bacanais
“di versos”,
acasalam-se
compulsivas
às
sonoridades profanas
e
desavergonhadamente assumidas
das
miscigenações desta vida
e acabam por
gerar melodias
que
dissonantes e estranhas
tentam
seduzir o poeta
a aderir à
anarquia
que a
inquietude que eu sinto
disseminou
por aqui.
Ainda bem que
existem as telas,
paisagens de
monocromáticos matizes,
e mesmo que
gélidas e inóspitas,
concedem-me o
asilo preciso
na solidão
que eu cultivo,
e que
harmoniza o poeta,
permitindo,
então,
que eu possa
prosseguir.
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