sábado, 24 de setembro de 2011

PEDRAS (ARQUIVO)

   NALDOVELHO

   Pedras dispostas à margem da vida,
   testemunhas discretas de minha jornada,
   muitas vivências, escolhas passadas,
   algumas bem feitas, outras erradas.

   Pedras largadas à beira da estrada,
   impedem atalhos, desvios de rumo,
   delimitam caminhos, definem trajetórias,
   bloqueiam a passagem e impedem a dispersão.

   Pedras colocadas de forma suspeita
   avisam que o norte já foi definido,
   que ao sul sobrevive o perigo,
   que a leste inexistem abrigos,
   e que a oeste só existe o mar.

   Pedras tão frias, largadas na estrada,
   limitam o acesso a novas jornadas,
   ainda que íngremes e cheias de arestas,
   não deixam o poeta crescer pela dor.

   Pedras cristalizadas, entranhadas, faz tempo,
   carcereiras decerto dos meus sentimentos.
   Queria ter feito outras escolhas,
   queria poder extraí-las de mim.

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