NALDOVELHO
Letras
esquisitas, destrambelhadas, proscritas,
constroem
poemas rebelados, estranhos,
são gritos de
clausura, loucura, delírio,
imagens
insanas reveladas em meus sonhos.
Poemas
inquietos, sementes urgentes,
letras
ardidas, molhadas, indecentes,
gotejam
impunemente e revelam segredos.
Revelam o
amor que eu trago escondido,
revelam o
esconderijo, o refúgio, o abrigo,
revelam
janelas, faz tempo, fechadas
e portas
convenientemente trancadas.
Revelam
ventania que venta aqui dentro,
revelam
calmaria que reina lá fora
e a serventia
dos versos que afloram.
Revelam a dor
que existe em meu corpo
e o
desconforto, lado esquerdo do peito,
revelam o
orgasmo dolorido, contido,
revelam seu
cheiro, ainda o tenho em meus dedos,
revelam
marcas, cicatrizes, tatuagens,
equivocadas
escolhas, caminhos, bobagens,
distâncias
enormes, esperas, saudades...
Revelam um
inverno, chuva fina e insistente,
apesar do
outono desobediente lá fora,
revelam que a
poesia transborda, derrama
em letras molhadas, promíscuas, profanas.
Nenhum comentário:
Postar um comentário