NALDOVELHO
Água que brota inquieta
da fonte,
que jorra em meu
quarto, inunda a cama
e faz corredeiras
dentro de mim.
Vento macio que varre a
cidade,
que leva pra longe as
cinzas do outono
e deixa no ar nostalgia
e abandono.
Nuvem cigana de chuva
insistente,
transbordam as lágrimas
assim descontentes,
parimento de versos que
ouso escrever.
Notas dissonantes,
harmonias estranhas,
melodia incontida,
desentranhada profana,
cantigas, toadas que eu
ouso compor.
Erva ardida, de sumo espremido,
remédio que eu tomo
pras dores que eu temo,
dores de sentimentos, alivia-me
os ais!
Telas que eu pinto,
profusos matizes,
paisagens geladas,
solitárias, desertas,
revelam lembranças que
eu nem sei precisar.
Madrugadas insones de
saudades latentes.
Pensamentos confusos,
difusos, insanos,
revelam escolhas,
conseqüências, enganos.
Palavras que eu guardo
preciosas comigo,
bagagens que eu levo,
incertezas, castigo,
coisas cristalizadas
que eu não consigo dissolver.
Amanhecer sonolento,
nubladas as horas,
um café, um cigarro,
não importa o tempo,
outono lá fora, inverno
aqui dentro.
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