Trago as
costas arqueadas pela força do chicote
e o risco da
navalha desenhado em meu rosto.
Trago flechas
encravadas espalhadas pelo corpo
e as mãos
ensangüentadas pela dor de tanto esforço.
Trago a
lágrima chorada na plenitude dos meus ais
e no peito a
certeza de chorar ainda mais.
Trago a pele
já curtida por caminhos, invernadas
e o demônio
aprisionado, companheiro de jornada.
Trago o santo
e o obsceno em batalhas desmedidas
e a sanha
desta vida por atalhos, despedidas.
Trago a
escolha de um rumo, conseqüências, incertezas
e perda
eminente por ter sido incoerente.
Trago lábios
encharcados de sorrisos e ternuras
e nos versos
o veneno, a inquietude e a loucura.
Sou poeta,
sou cigano, eremita, vagabundo,
coisa incerta
e descoberta pelas trilhas deste mundo.
Ventania,
correnteza, mar bravio, aspereza,
água pura e
aguardente, sangue frio e sangue quente.
Sou deserto,
sou oásis, sou procura, sou viagem,
sou espinho
que arranha, sou verdade, sou miragem.
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