Ferida de morte a palavra se
contorce,
se arrasta e agoniza.
E num último alento, desanimada,
nos avisa:
faltam ainda escassos poemas,
sentimentos confessos a serem
materializados
em versos, epitáfios, doloridos,
perversos,
que eu nem sei se valerão a pena.
Melhor nem serem lidos!
E se lidos, melhor não levá-los a
sério,
pois as letras se dispõem raivosas,
embaralhas e teimosas se negam
a nos mostrar solidárias,
os seus mais preciosos segredos.
E por tudo que acredito sagrado,
eu me recuso a desentranhar-lhes
meus medos.
Melhor seria então o silêncio,
pois sem nexo se fez o enredo
que por piedade precisa ser
desfeito.
O que será do poeta
que não encontrou a chave da porta?
O que será do poeta
que na vida não mais se importa?
O que será do poeta
que não consegue abrir as janelas?
Sei não!
Epitáfio nenhum tem sentido
com as letras, desta forma,
indispostas.
Por que a palavra foi morta?
Por que tamanho castigo?
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