NALDOVELHO
Palavra
ardida
é palavra que
brota escamada,
arranha
quando expelida
e extraí lá
das entranhas;
esperas,
distâncias, partidas,
ausência,
saudade doída,
na verdade,
coisa mal resolvida
e faz brotar
a lágrima
por tanto
tempo cristalizada.
Palavra
ardida
é aquela que
quando provocada,
incendeia de
vez o poema,
exorciza no
peito o feitiço,
e cicatriza
antigas feridas
que sangram
em noites nubladas,
e afastam de
vez a amargura
e o
desassossego das horas incertas.
Palavra
ardida
é palavra que
liberta o poeta
dos cacos de
vidro que espetam,
das grades,
correntes, algemas,
das coisas
coaguladas, latentes,
e permite ao
abrir-se as janelas
que um tempo
de delicadezas
possa enfim
tomar conta da casa.
Não tema,
portanto, oh poeta!
A dor que
brota apressada,
o azedume das
escolhas erradas,
nem os
descaminhos de sua jornada.
Acredite,
sempre valerão os versos,
ainda que por
duras penas,
pois a cura
da inquietude que eu vejo
certamente
colherás no porvir.
Dedicado a
poeta Viviane Mosé
Nenhum comentário:
Postar um comentário