terça-feira, 6 de setembro de 2011

INTROSPECTIVA

   NALDOVELHO

   Vontade de construir caminhos
   que me levem aos mais íntimos recantos,
   que revelem a origem da dor
   que até hoje não se permitiu ao pranto,
   e que desvende de uma vez o mistério
   da inquietude que assola minha alma.

   Vontade de observar lá dentro,
   de abrir, uma por uma, as portas,
   de destrancar armários, gavetas,
   de violar segredos sagrados,
   e expor à luz do sol meus guardados,
   coisas que eu nem sei mais como são.

   Vontade de expulsar fantasmas,
   calar de uma vez os demônios
   que adoram sussurrar heresias,
   que vivem e se alimentam de sombras,
   e insistem em negar o amor que eu sinto,
   ao dizer que é tudo bobagem.

   Vontade de pulverizar meus medos,
   de liquefazer palavras espinhos,
   vontade de voltar a ser menino,
   de pedir sua benção antes de dormir,
   e ao amanhecer poder fazê-lo de novo...
   Quem sabe você possa me perdoar?

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