NALDOVELHO
Por saberes,
segredos, essências,
sacramentos,
sagradas sementes.
Sangue, suor
e saliva,
saboreados
assim indecentes.
As lágrimas
que eu trago comigo,
são salgadas,
veneno latente.
Silenciosa e
insidiosa serpente
que na tocaia
sibila contente.
Um bardo a
buscar um consolo
num poema
feroz e indecente,
cantou
cantigas de um tolo,
afogou-se em
tonéis de aguardente.
Um palhaço
lamenta e chora
a desdita de
um ser tão descrente.
A poesia que
eu trago comigo
já não jorra
da mesma nascente.
Profanei os
meus templos, faz tempo,
naufraguei
bem próximo ao cais,
soçobraram os
meus sentimentos,
só restaram
alguns poucos ais.
Saberes,
segredos, sementes,
sangue, suor
e aguardente,
gotejando do
canto dos lábios,
letras frias
demais!
A poesia que
restou sem abrigo,
versos tortos
paridos ardidos,
só destoam e
ainda que doam,
não conseguem
trazer-me à paz.
Sangue, suor
e saliva,
Silenciosa e
insidiosa serpente
A poesia que
eu trago comigo
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