sexta-feira, 23 de setembro de 2011

BALA PERDIDA (ARQUIVO)


   NALDOVELHO

   Teria sido bala perdida,
   ou teria gravada no corpo,
   riscado a faca, o meu nome?

   Só sei que foi por pouco,
   passou e queimou minha pele,
   e abriu um sulco no carne
   que sangra o sangue dos tolos,
   que jorra em versos, poemas,
   confissões, sussurros, desgostos
   e que lateja toda a vez que toco,
   que penso, que ouso, que choro.

   O mais certo é ter sido tocaia,
   causo pensado, desforra,
   dor que eu causei...
   Quem sabe um desconforto?
   Talvez dor de mulher amada,
   melhor dizer, mal amada!
   São tantas as idas e vindas
   daquele que não tem um porto.

   Melhor andar mais atento,
   evitar outros constrangimentos,
   pois são muitos os perigos
   para quem escolheu a inquietude
   como caminho acidentado de vida.
   Melhor queimar com aguardente,
   cauterizar a ferida, fazê-la latente,
   mais uma cicatriz...
   Ainda que vez por outra me doa,
   vai ser dor de poesia urgente,
   de quem não ter lugar nem hora
   de ser assim, simplesmente.

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