NALDOVELHO
Caminho
profuso, crises,
profundas
seqüelas, passagens,
vestígios,
sinais de mim mesmo,
testemunhos
dos meus ais.
Feitiço
conjurado na terra
só o vento
pode desmanchar.
Feitiço
forjado a fogo
só a água
pode amenizar.
Sangue, suor
e desgosto,
securas de
lágrimas por dentro,
dor de
constrangimento,
de culpa e
destrambelhamento.
A teia que a
aranha constrói,
aprisiona,
sufoca, destrói.
Os cortes
talhados na carne
só com o
tempo vão cicatrizar.
O vinho
derramado na mesa,
o pão mofado
no armário,
toalha
manchada de sangue,
nada que eu
possa ofertar.
O terço que
eu rezo faz tempo,
palavras que
revelam poemas,
só aprofundam
a dor que eu sinto,
nada que se
possa curar.
Templos
profanados, pecados,
escolhas, que
eu faço, erradas...
E mais
crises, cruzes e credos,
inquietudes
que eu trago, sementes.
Teci por
descuido um feitiço,
por
nostalgias, lamentos, gasturas,
e hoje, por
mais que eu queira e tente,
não consigo
exorcizar.
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