sábado, 24 de setembro de 2011

VERSOS BASTARDOS (LUZ E SOMBRAS)


   NALDOVELHO

   De uma relação promíscua
   entre o sonho e o verbo,
   nasceu de forma transversa
   um poema de versos indigentes
   que rebelados e urgentes
   por desencontradas rimas
   e métricas incoerentes,
   foi denominado bastardo
   por críticos reticentes.
   E por estar impedido ao nome,
   ao ser considerado espúrio,
   foi chamado de prematuro
   e de prosa em versos incandescentes.
   Que assim rejeitado pôs-se a falar na vida,
   de tudo aquilo o que se sente,
   com a linguagem da minha gente
   e de um jeito franco e desavergonhado,
   sem regras e sem limites,
   principalmente destrambelhado
   e visceralmente ousado.
   Ainda que mestiço, mulato, caboclo, cafuzo,
   e algumas vezes, um tanto ou quanto confuso,
   esta é a minha vertente
   e tem a cara de um Brasil bem matreiro
   que mistura piano de calda e pandeiro,
   zabumba e violino em terreiro,
   se bobear, caviar com cachaça
   e muita mulata suada na praça
   só pra dar água na boca
   e um desconforto danado
   toda a vez que ela se põe a sambar.
   Cravo, pimenta e canela,
   só pra nos infernizar.

   A minha vertente inventa caminhos profanos
   por pura irreverência ou pirraça,
   desafia zombeteiro e esculacha
   aqueles que tentam me aprisionar.

   Carybe - Mulata

Nenhum comentário:

Postar um comentário