NALDOVELHO
De uma
relação promíscua
entre o sonho
e o verbo,
nasceu de
forma transversa
um poema de
versos indigentes
que rebelados
e urgentes
por
desencontradas rimas
e métricas
incoerentes,
foi
denominado bastardo
por críticos
reticentes.
E por estar
impedido ao nome,
ao ser
considerado espúrio,
foi chamado
de prematuro
e de prosa em
versos incandescentes.
Que assim
rejeitado pôs-se a falar na vida,
de tudo
aquilo o que se sente,
com a
linguagem da minha gente
e de um jeito
franco e desavergonhado,
sem regras e
sem limites,
principalmente
destrambelhado
e
visceralmente ousado.
Ainda que
mestiço, mulato, caboclo, cafuzo,
e algumas
vezes, um tanto ou quanto confuso,
esta é a
minha vertente
e tem a cara
de um Brasil bem matreiro
que mistura
piano de calda e pandeiro,
zabumba e
violino em terreiro,
se bobear,
caviar com cachaça
e muita
mulata suada na praça
só pra dar
água na boca
e um
desconforto danado
toda a vez
que ela se põe a sambar.
Cravo,
pimenta e canela,
só pra nos
infernizar.
A minha
vertente inventa caminhos profanos
por pura
irreverência ou pirraça,
desafia
zombeteiro e esculacha
aqueles que
tentam me aprisionar.
Carybe - Mulata
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