Tenho a mão pesada ao escrever
poemas,
abro, no papel, profundos
sulcos, tipo, leito de um rio,
por onde navegam palavras,
pensamentos, histórias,
coisas colhidas nas trilhas
desta vida.
Não acaricio as palavras,
espremo-as,
até ter delas seu sumo, seus
significados.
Uso cores agressivas, por
vezes exuberantes,
quando tento passar uma
mensagem.
Quando falo de saudade prefiro
o cinza,
nostalgia navega em branco e
preto
e a revolta em águas
barrentas, sempre!
Estou mais para a realidade, a
vida me fez assim!
Tenho a mão pesada aos
escrever poemas,
machuco o papel, até perceber
que ali existe
sangue, suor, saliva,
sentimento,
não sei escrever sem expor
feridas.
Parir versos é remexer nas
entranhas,
é cutucar cicatrizes, fazê-las
ardidas,
só assim o poema sobrevive
e eu consigo exorcizar minha
dor.
Os poetas conhecem as dores do mundo e as tornam versos, os mais lindos... os poetas falam por tantos outros poetas... que lindo, que belo, amigo... abraço.
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