sexta-feira, 9 de setembro de 2011

DIA NUBLADO


   NALDOVELHO

   Dia nublado, manhã chuvosa,
   janelas abertas pro desassossego.
   As ruas desertas, o mês é dezembro,
   o telefone não toca, escrevo uma carta,
   é quase um poema, é quase um lamento.
   A maresia da orla invade o meu quarto,
   o som de uma música, o dedilhar de um piano,
   lembram tantos planos e os meus desenganos.
   A campainha da porta estridente que toca,
   é só o porteiro trazendo cobranças,
   é só o desterro nesta cidade nublada.
   Teu nome é distância que às vezes sufoca,
   teu nome é ausência, não sei se te importa? 
   Ainda te amo, não sei se te quero,
   não sei se te espero ou me desespero,
   teu nome é demora que não vai embora.
   Tomar um café, fumar um cigarro.
   Ligo o rádio e o que presta não toca,
   Ainda bem que não toca, se não eu choro! 
   Melhor ir embora, melhor esquecer,
   procurar outro lugar onde eu possa viver,
   pois neste ambiente persiste o teu cheiro.
   E o dia prossegue, e a chuva insistente,
   continuo um descrente, um poeta, um tolo
   que se alimenta de versos, cantigas, memórias;
   que não percebe que o sol já se pôs,
   vida que segue e eu não consigo te esquecer.

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