NALDOVELHO
   De que adianta cercear-me o caminho,
   se o meu andar é em desalinho
   e por conta de tantos desatinos,
   sou mestre em abrir atalhos?
   De que adianta cegar-me os olhos,
   se ainda assim eu percebo o inimigo,
   a tocaia, o perigo, o abismo
   e todas as armadilhas da estrada?
   De que adianta encher-me de chagas,
   se ainda assim eu prossigo
   a erguer com minhas mãos um abrigo
   e a colher desta terra a semente?
   De que adianta abrasar-me nas chamas,
   se ainda assim meu coração permanece
   e o amor que eu tenho prevalece
   sobre todo e qualquer drama?
   De que adianta ceifar-me os versos,
   se ainda assim eu te proponho o alimento,
   o aconchego e o remédio
   que irá libertar-nos os sonhos?
   De que adianta conduzir-me à morte,
   se ainda assim a existência persiste
   e imortal é o espírito que insiste
   na crença do Criador.
   Nada que faças me comove,
   nada que tentes me demove,
   pois sou eterno nos caminhos que eu tento
   e cada vez mais forte na misericórdia do Pai.

 
Uma confissão, uma oração, um expurgo, uma catarse... poesia, no seu sentido maior, é isso aí: libertação.
ResponderExcluirQue coisa mais linda, bela, emocionante, amo qdo vc faz poesias prô Pai, maravilhoso!
ResponderExcluirAlma livre, na qual a poesia contém versos de dores e lamentos. E o amor, ah o amor! A inspiração que brota abençoando toda beleza da sua arte.
ResponderExcluirLindo Poeta! Parabéns!
Eis aí um espírito sábio, porque é livre!
ResponderExcluirNamastê
Bel