sexta-feira, 19 de agosto de 2011

MEUS DEMÔNIOS


   NALDOVELHO

   Dragões pachorrentos 
   passeiam impunemente
   pelo meu quarto,
   preguiçosos que estão,
   não vomitam mais chamas,
   apenas ocupam espaço
   e deixam um cheiro desagradável
   de cinzas, molhadas de constrangimento,
   por tamanho arrependimento,
   de terem queimado quase toda a casa,
   e ainda assim, eu sobrevivi.

   Serpentes ameaçadoras
   sibilam alegremente
   e enroscadas em meu corpo
   ainda têm muito veneno.
   Insidiosa peçonha que eu tenho,
   sempre pronta a inocular mais alguém.

   Um cheiro forte de ervas
   toma conta do ambiente,
   enquanto cães ferozes
   impedem a fuga que eu tento
   e aprisionam-me em meu quarto,
   embaraçado ao meu porvir.
   Um anjo conivente
   a tudo assiste e sorri.
   Lá fora uma lua sombria
   acinzenta a madrugada.

   Melhor fumar um cigarro,
   tomar um conhaque e depois um Valium.
   Quem sabe o pesadelo vai embora?
   Rezar uma Ave Maria,
   confessar meus pecados.
   Quem sabe, cometer mais alguns?
   Quem sabe fechar a porta do armário,
   lacrar meus guardados?
   Queria poder escrever um poema,
   exorcizar meus demônios.
   Queria confessar que te amo,
   só que depois de tanto anos,
   ainda não sei como.
   Queria poder morrer de distância,
   de ardências, de loucura.

   Uma música doída
   toma conta do ambiente,
   castiga os meus ouvidos,
   mais um blues! 

   Logo, logo amanhece,
   quem sabe tudo desapareça
   e eu consiga dormir?

5 comentários:

  1. MINHA NOSSA U AMEI ESTE POEMA kkkkkkkkkkkk TEM UM QUE DE FILME D TERROR OU PIOR PESADELO kkkkkkkkk ADOREI BEIJOS

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  2. Verdades que nos acompanham,.....muito bom mesmo!

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  3. Todos temos nossos demônios mas sabemos exorcizar-los,enviando para seus devidos lugares,sempre se encontra a melhor forma de confessar um amor,quando ele existe,que poema maravilhoso grande poeta Naldo,abraço

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  4. Minha nossa, acachapante, importantíssimo colocar nossos demônios prá fora, exorcizá-los, mandá-los irem embora, e até brigar com Deus, como vc disse no sábado, que apronta com Ele, não se iniba, Ele deixa, conquanto vc continue sabendo que depende dEle prá tudo, que sem Ele não somos nada, a não ser um monturo de pó. Amei, Naldo Velho, a vida pode ser muito amarga, mas mesmo esta amargura pode inspirar o coração do poeta prá uma escrita milagrosamente linda! Brilha Luz! Te admiro demais, meu amigo!

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  5. Quem não tem seus infernos particulares? Amei o poema!

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