sábado, 27 de agosto de 2011

DEPOIS DAQUELA PORTA


   NALDOVELHO

   Depois daquela porta existe um mundo
   e as pessoas que ali vivem não se importam
   com o que acontece aqui dentro.

   Depois daquela porta uma cidade
   cheia de ruas e praças,
   com muito barulho e fumaça
   e as pessoas que ali moram
   não conseguem perceber
   o quanto, por dentro, estão mortas.

   Depois daquela porta,
   muitos enredos pendentes,
   desencontros, dor de partida,
   coisas latentes...
   E diversas espécies de ópio
   para aplacar tanta dor.

   Depois daquela porta
   moram pessoas doentes,
   acordam bem cedo,
   escovam o cabelo e os dentes,
   saem atrasadas pra lida,
   mastigam apressadas a comida,
   têm úlceras entranhadas,
   fumam e bebem desbragadamente,
   e só têm pensamentos indecentes. 
   Entram numa igreja e oram,
   se confessam e se absolvem,
   pagam um dizimo a cada hora
   e acham que o paraíso dos crentes
   será o merecido presente
   que Deus há de lhes oferecer.

   Depois daquela porta
   mora um monte de gente. 
   Aqui, do lado de dentro, um demente,
   que ri, sonha e chora,
   escreve poemas e implora,
   pede a Deus para sair do castigo...
   Quem sabe viver num mundo mais coerente?
   Onde a compreensão seja o fruto
   mais saboroso que alguém possa colher.

7 comentários:

  1. INTENSO, LINDO...COM CARINHO
    HELOISA CROSIO

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  2. Muito bom, nem todos conseguem enxergar a vida como ela é!! Parabéns

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  3. Boa noite querido amigo Naldo! Com sempre intensos os seus poemas.
    Lindos" qui, do lado de dentro, um demente,
    que ri, sonha e chora,
    escreve poemas e implora,".
    E depois daquela porta, mora um poeta, que sonha linda, que escreve sonhos, e que nos emociona.
    Esse poeta é você.
    Abraços amigo.

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  4. Muito, muito bom, meu amigo!

    Muitos abraços!
    Jorge

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  5. lindo adorei o o poema muito gradeoso em palavras
    Amei...

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  6. LIndo, Naldo,m ainda atravessaremos esta porta e nos encontraremos com o Pai no paraíso, bjs

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  7. Depois daquela porta a realidade nos rodeia de verdade e às vezes nem percebemos. Depois daquela porta temos um mundo que nem sempre é doce e pode ser bem cruel de vez em quando. Depois daquela porta é aonde o cotidiano nos surpreende todos os dias. Maravilha, amigo poeta! Bonito demais...abraço carinhoso.

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