sexta-feira, 19 de agosto de 2011

O JEITO DAS COISAS


   NALDOVELHO

   O jeito das coisas, o rumo dos ventos,
   um vaso de flores, a marcha do tempo,
   os olhos abertos, assim sonolentos,
   músicas suaves, são sempre uma escolha,
   apesar de nostálgicas, melodias em tom menor.

   A chuva fria e o vento tomam conta da cidade,
   o mês é fevereiro, mas parece novembro...
   Um coração que pretende ter vinte e poucos anos,
   é teimoso, não aprende, já chegou aos sessenta,
   acha que agüenta naufragar outra vez.

   Um café bem quente, o cigarro entre os dedos,
   cartas de tarô em cima da mesa:
   o mago de braços dados com a sacerdotisa
   e o eremita a buscar uma cura para minha dor.
   Entardecer é outra escolha que eu tive que fazer.

   Janela entreaberta, anoitece na cidade,
   o ruído de passos apressados lá fora...
   Imagino um moinho na beira de um rio,
   imagino sementes trituradas de trigo...
   Palavras enlouquecidas a procura de um tema.

   O jeito das coisas, o rumo dos versos,
   palavras acasaladas, miscigenadas aos sons,
   um carinho absurdo em notas dissonantes,
   melodias que tendem a falar de saudade.
   Mais um mês que termina e pouca coisa mudou.

10 comentários:

  1. Muito bom poema, meu Amigo!!!

    Abraços
    Jorge

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  2. Não adianta termos cinquenta, sessenta, setenta, se somos poetas sempre teremos a sensibilidade dos vinte e poucos, a esperança dos vinte e poucos, o amor dos vinte e poucos bombeando nossos corações. Lindo Naldo Velho, obrigada por seu belíssimo poema de hoje, saúde, bjs

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  3. Poeta,
    Obrigada por mais um presente literário, reflexivo, intenso e lindo
    denise moura

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  4. THE WAY OF THINGS



    NALDOVELHO


    The way of things, the direction of the winds,
    a vase of flowers, the March of time,
    the eyes open, so sleepy,
    soft music, are always a choice,
    Despite nostalgic, melodies in minor key.


    The cold rain and wind take over the city,
    the month is April, but it looks like November ...
    A heart that wants to have twenty-somethings,
    is stubborn, don't learn, has arrived to sixty,
    think bears sink again.


    A hot coffee, the cigarette between his fingers,
    Tarot cards on the table:
    the magician of arms data with the High Priestess
    and the hermit to seek a cure for my pain.
    Dusk is another choice that I had to do.


    Window ajar, dark in the city,
    the hurried steps noise out there,
    Imagine a windmill on the edge of a river,
    Imagine crushed seeds of wheat ...
    Words crazy looking for a theme.


    The way of things, the direction of the verses,
    words mated, miscegenation to sounds,
    a caring absurd in dissenting,
    melodies tend to speak of longing.
    More a month that ends and little has changed.

    Translated into English by Marlene Nass.

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  5. LA FAÇON DONT DES CHOSES



    NALDOVELHO


    La façon dont des choses, la direction des vents,
    un vase de fleurs, la marche du temps,
    les yeux ouverts, donc endormie,
    musique douce, sont toujours un choix,
    Malgré nostalgique, les mélodies de tonalité mineure.


    Le vent et la pluie froide prennent au-dessus de la ville,
    le mois est avril, mais il ressemble à novembre...
    Un coeur qui veut avoir la vingtaine,
    est obstiné, ne pas apprendre, est arrivé à soixante ans,
    récepteur d'ours pense encore une fois.


    Un café chaud, la cigarette entre ses doigts,
    Cartes de Tarot sur la table :
    le magicien des données d'armes avec la grande prêtresse
    et l'Ermite à chercher un remède à ma douleur.
    Dusk est un autre choix que je devais faire.


    Fenêtre entrouverte, sombre dans la ville,
    le bruit de pas précipités
    Imaginez un moulin à vent sur le bord d'une rivière,
    Imaginez des graines écrasées de blé...
    Mots fous à la recherche d'un thème.


    La façon dont des choses, le sens des versets,
    Mots croisés, métissage de sons,
    un soin absurde dans sa dissidence,
    mélodies ont tendance à parler de nostalgie.
    Plus d'un mois qui se termine et peu de choses ont changé.


    Traduit dans le Français pour Marlene Nass.

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  6. O jeito de cada ser é peculiar e sempre nos fazem lembrar de tantas coisas.
    Poeta, parabéns pelo texto!

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  7. Como sempre lindo e esperada a superação...em cada, um infinito de sabedorias, de maturidade, de sonhos, que nos leva até você.
    E como sempre, em todos os seus textos que leio, há um trecho que me envolve mais, e nesse o seu último verso"O jeito das coisas, o rumo dos versos:
    "palavras acasaladas, miscigenadas aos sons,
    um carinho absurdo em notas dissonantes,
    melodias que tendem a falar de saudade.
    Mais um mês que termina e pouca coisa mudou."
    Divino e encantador.
    Parabéns amigo Naldo.
    Abraços.

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  8. "um carinho absurdo em notas dissonantes,
    mais um mês que termina e pouca coisa mudou."
    Bravíssimo !!!!!

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