quinta-feira, 25 de agosto de 2011

TOADAS DE ABANDONO


   NALDOVELHO

   Violão instigante, acordes dissonantes,
   melodias profanas, toadas de abandono.

   Paisagens saudosas de Minas,
   dormentes de trilhos que eu trago,
   caminhos dentro do peito.
   Dedo e meio de prosa,
   café fresquinho no bule,
   angu de corte e a certeza,
   porteira aberta pro mundo!
   Lembranças lá das funduras,
   de um tempo que não volta mais.

   Raízes que trago, não nego!
   Cachaça madura de engenho,
   Seu Nicolau nos chama:
   quero moda de viola, meu neto!
   Se não lembro da letra eu invento...
   Leopoldina, Chácara do Desengano.

   Rimas! Pra que as quero?
   E é um tal de jogar conversa fora,
   lugar algum é o bastante,
   pressa nenhuma pra chegar.

   Virei vento frio de outono,
   cantiga antiga de partida,
   águas tranqüilas, riacho,
   sementes que espalho, poemas...
   Quando acordar deste sonho,
   já vou estar em outro lugar.

3 comentários:

  1. Que delícia de poesia essa que descreve suas raízes de forma tão lírica, lúdica, a vida e suas mais marcantes lembranças...parabéns mais uma vez, Naldo, bjs

    ResponderExcluir