NALDOVELHO
Falo para quem como eu
foi forjado nas oficinas da vida
e traz nas costas as marcas
de tantos descaminhos, escolhas,
e tem feridas latentes
do lado de dentro do peito,
e mostra a inquietude nos olhos,
por batalhas travadas, incertas,
na busca de suas verdades,
na busca da compreensão.
Falo para quem como eu
desafiou rebelde o seu tempo,
quebrou vidraças e espelhos,
conseguiu ver além das portas,
conheceu a verdade dos loucos
e dobrou solitário as esquinas,
mergulhou em águas revoltas,
nadou contra a corrente,
e ainda assim, sobreviveu!
Falo para quem como eu
carrega nas mãos a chave dos significados
e tem na palavra o seu mais precioso relicário,
e por isso aprendeu a perceber
coisas que mais ninguém vê,
e por isso aprendeu caminhar
por estradas que ninguém mais crê.
Aqueles que nunca perceberam as sombras
vão ter que ficar bem atentos,
muitos nem vão conseguir compreender.
Muito bom seu poema, Nardo. Obrigada pelos momentos de bela leitura
ResponderExcluirMaria Lindgren