domingo, 21 de agosto de 2011

PARA QUEM VOS FALO


   NALDOVELHO

   Falo para quem como eu
   foi forjado nas oficinas da vida
   e traz nas costas as marcas
   de tantos descaminhos, escolhas,
   e tem feridas latentes
   do lado de dentro do peito,
   e mostra a inquietude nos olhos,
   por batalhas travadas, incertas,
   na busca de suas verdades,
   na busca da compreensão.

   Falo para quem como eu
   desafiou rebelde o seu tempo,
   quebrou vidraças e espelhos,
   conseguiu ver além das portas,
   conheceu a verdade dos loucos
   e dobrou solitário as esquinas,
   mergulhou em águas revoltas,
   nadou contra a corrente,
   e ainda assim, sobreviveu!

   Falo para quem como eu
   carrega nas mãos a chave dos significados
   e tem na palavra o seu mais precioso relicário,
   e por isso aprendeu a perceber
   coisas que mais ninguém vê,
   e por isso aprendeu caminhar
   por estradas que ninguém mais crê.
   
   Aqueles que nunca perceberam as sombras
   vão ter que ficar bem atentos,
   muitos nem vão conseguir compreender. 

Um comentário:

  1. Muito bom seu poema, Nardo. Obrigada pelos momentos de bela leitura
    Maria Lindgren

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