domingo, 28 de agosto de 2011

ESTIAGEM ESTRANHA DA ALMA


   NALDOVELHO

   Há dias em que a poesia,
   como água, escorre entre os dedos
   e em silêncio recusa os enredos,
   gasturas que a vida nos traz.

   Dias de calmaria,
   nascidos na indiferença dos tolos,
   alimentados pela inutilidade das horas,
   plenos de nem sei bem o porquê.

   Há dias em que o coração
   desgastado pela dança do tempo,
   sussurra frases vazias
   e já nem quer saber até quando.

   Dias de recolhimento e clausura,
   por achar que depois daquela porta
   as pessoas anestesiadas não percebem
   a dor que lhes fustiga a alma.

   Há dias que acontecem nublados,
   ausência de chuva ou de vento,
   onde até o sol vai-se embora
   antes do entardecer.

   Dias e noites vazias
   e o coração do poeta nem se importa,
   já não quer saber até quando,
   ou se amanhã o sol vai nascer.

   Há dias... Melhor esquecê-los!
   Dias que na verdade não contam,
   estiagem estranha de um louco
   que de repente recusa o sonho.

   Há dias em que a poesia,
   como água, inunda o poeta,
   que mesmo contra sua vontade, sobrevive!
   Só não sei dizer até quando!

8 comentários:

  1. Dias em que a poesia escorre da mente, passa pelas veias, alcança a mão e se reflete na tela, dias em que a tristeza e o vazio e a solidão são alimento pro infinito da poesia, dias em que o poeta se sente no chão, se ressente do tempo e escreve as loucuras da sua alma cansada da vida que um dia o tragará, mas sua poesia ficará. Grande Naldo Velho, bjs!

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  2. MA RA VI LHO SO!! Amei, querido poeta e amigo!! Bjus SOL

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  3. Quando o coração fica "desgastado pela dança do tempo" tudo pode acontecer....Mas, o coração do poeta sempre renasce, mesmo "contra sua vontade, sobrevive." É a poesia dentro do ser ou ser que pura poesia...sei lá! Amei, meu amigo poeta! Vc tem esse carisma e esse talento de poetar sobre tudo que a vida apresenta aos seus olhos e a sua alma poética...Forte abraço meu amigo Naldo Velho

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  4. Muito bom! Amei também!

    Há dias, oh Deus!
    Dias de clausura em verbos, substantivos e adjetivos
    Dias que nem a chuva lavando umidece a alma
    Dias de seca em sol plangente e alucinador
    Dias de morte
    Dias de jogo e azar na sorte
    Dias que beirando o arrebol
    uma tempestade de tormentas, escurece o cristalino olhar
    Há dias que o bardo das sombras
    estremece em velocidade luz sua derradeira canção de amor.

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  5. Enquanto existirem os dias, haverá poesia!
    Belos versos!
    Parabéns, Naldo!
    Abraços
    rosangelaSgoldoni

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  6. Maravilhoso começar um domingo lendo Naldo Velho! Bjs meu poeta/amigo querido.
    Eurídice

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  7. Muito bom amigo.
    Hoje estou meio assim...
    Bjs
    Uly Riber

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  8. Há dias que nos fechamos em silencio ,seca o amor,seca as palavras,deixando tudo morto e desunido para sempre,excelente poema amigo Naldo abraço.

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