segunda-feira, 15 de agosto de 2011

MAGIA DE UM TOLO

     NALDOVELHO

     No silêncio da noite alinhavo versos,
     curo feridas, exorcizo a dor.

     Na frieza da pedra: luto frio à letra morta.

     Arrumo meus guardados, revejo o passado,
     madrugada de outono invade o quarto.

     Cheiro de terra molhada,
     vidraça embaçada, orvalho.

     Pássaros inquietos despertam com o nascer do sol.

     Começaria tudo outra vez, só não sei onde, quando e como.

     E ainda que eu leve marcas, cicatrizes, estiagens;
     minhas malas estarão sempre prontas,
     nem será preciso o adeus.

     Haverá sempre no caminho uma estalagem,
     uma mulher de colo quente e uma boa dose de aguardente.

     Depois fé na estrada, na força dos ventos
     e no ciclo completo das águas.

     De resto sobrará a poesia,
     magia de um tolo que assim fez por merecer.

7 comentários:

  1. MAGIC OF A FOOL

    NALDOVELHO



    In the silence of the night I tack verses,
    I cure wounds, exorcize the pain,


    In the coldness from the stone: cold mourning literally killed.


    I put my valuables in order, revise the past,
    autumn dawn invades the room.


    Smell of wet land,
    steamed up window pane, I dew.


    Uneasy birds wake up with the sunrise.


    It would begin everything again, only I do not know where, when and how.


    And though I take marks, scars, dry spells;
    my suitcases will always be ready,
    the goodbye will not be necessary.


    There will always be in the way an inn,
    a woman of hot lap and a good dose of spirit.


    Then faith on the road, in the strength of the winds
    and in the complete cycle of the waters.


    Of rest the poetry will be left,
    magic of a fool whom it so did because of being worthy.


    Translated into English for Marlene Nass.

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  2. MAGIE D'UN IDIOT


    NALDOVELHO




    Dans le silence de la nuit j'amure versets,
    Je guérir les plaies, exorciser la douleur,



    Dans la froideur de la Pierre : froid deuil littéralement tué.



    J'ai mis mes objets de valeur dans l'ordre, revoir le passé,
    Aube automne envahit la salle.



    Odeur de terre humide,
    cuit à la vapeur jusqu'à la vitre, je rosée.



    Oiseaux inquiets se réveillent avec le lever du soleil.



    Il aurait tout recommencer, seulement je ne sais pas où, quand et comment.



    Et si je prends des marques, des cicatrices, des périodes de sécheresse ;
    mes valises sera toujours prêts,
    au revoir ne sera pas nécessaire.



    Il y aura toujours de la façon dont une auberge,
    une femme hot lap et une bonne dose d'esprit.



    Puis une foi sur la route, dans la force des vents
    et dans la plus complète du cycle des eaux.



    La poésie sera laissée de repos,
    magie d'un imbécile qu'il l'a fait donc raison d'être digne.



    Traduit en Français pour Marlene Nass.

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  3. É isso aí, poeta! É no silêncio da noite que são revelados os tormentos de alma, mas, podemos também renascer para a vida após uma faxina nas nossas angustias e dores. Amigo Naldo, mais um belo poema! Forte abraço

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  4. Concordo com o que disse Maria Mourão mas meu poeta predileto quanto mais verseja triste, mais brilham na noite os seus tesouros...

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  5. Um tolo encantador, que pincela a vida em versos, para nosso deleite. Abreijos, guida

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  6. Naldo,sempre muito lindas as suas poesias!Bjs e boa semana!

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  7. Quando sobram poesias é porque a vida valeu!
    Parabéns, Naldo!

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