sexta-feira, 19 de agosto de 2011

NOSTÁGICO


    NALDOVELHO

    Na marcha angustiante do tempo,
    vento que venta apressado
    e revira meus guardados,
    coisas espalhadas por todo o quarto.

    Prefiro brisa macia,
    prenúncio de calmaria,
    relógios guardados,
    de preferência quebrados,
    no fundo de uma gaveta qualquer.

    Preciso caminhar nostalgia,
    respirar mansamente poesia,
    manhãs sonolentas de outono
    e quem sabe ficar ao teu lado?

    Não quero a espera nervosa
    por um trem que só vive atrasado,
    chegadas, partidas, começar de novo,
    sabendo antecipadamente do meu fim;
    prefiro o silêncio dos inocentes
    e a eternidade daquele instante.

    Quero a madrugada complacente,
    e a cumplicidade desta vida,
    lua cheia e desinibida,
    um café tomado sem pressa
    com música suave ao fundo.

    Quero tardes mornas e chuvosas,
    com cheiro de terra molhada,
    caminhar despreocupado pelas ruas,
    sem medo de te perder.

    Não quero a lágrima disfarçada
    em poemas escritos saudosos,
    ainda que sejam tão belos,
    sangram toda vez que eu tento
    cicatrizar feridas antigas,
    mesmo que eu tenha feito por merecer.

4 comentários:

  1. Grande poeta,seus versos falam
    profundamente á alma.

    ResponderExcluir
  2. Não quero a espera nervosa
    por um trem que só vive atrasado,
    chegadas, partidas, começar de novo,
    sabendo antecipadamente do meu fim.""" BRAVO POETA!

    ResponderExcluir
  3. Lindo, Naldo!! Parabéns e que Deus te conserve!!

    ResponderExcluir
  4. Delicia ler suas poesias!Seus versos mesclam sentimentos , amor, romantismo, paixáo, intensidade!meu carinho.
    heloisa crosio

    ResponderExcluir