quarta-feira, 17 de agosto de 2011

MENSAGEIRO DA AGONIA


   NALDOVELHO

   Coisa mais estranha, lua avermelhada,
   tiros de escopeta sacodem a madrugada,
   vidraça estilhaçada, Linha Amarela,
   cidade sitiada, tranco as janelas.

   Coisa mais sem graça, ruas tão desertas.
   Já nem sei dar conta, janeiro ou fevereiro,
   E eu nem sei seu nome, mas sei seu codinome,
   Se encarar o bicho pega, se medrar o bicho come.

   Coisa esquisita este Rio de Janeiro,
   meu santo padroeiro tá refém, tá prisioneiro.

   Também tem Linha vermelha na cidade dos aflitos,
   Motorista encurralado lá meio do conflito,
   facções de sangue quente em comandos divergentes,
   tem fuzil AR-15, tão armados até os dentes.

   De manhã leio as notícias na cidade sitiada,
   tiro dado a queima roupa, assassinaram a madrugada.
   Quem matou é “de menor”, não conhece poesia;
   bicho solto, bicho louco, mensageiro da agonia.

   Coisa esquisita este Rio de Janeiro,
   meu santo padroeiro tá refém, tá prisioneiro.

4 comentários:

  1. Realidade que dói...que mata...que não deixa viver.
    Retratou muito bem meu querido, E penso, que se o "de menor" entendesse de poesia...quem sabe ainda viveria? Abraços.

    ResponderExcluir
  2. Triste realidade,
    triste poesia!
    Alerta-nos o bardo com a sua maestria.
    Parabéns, Naldo!

    ResponderExcluir
  3. Verdade que doi..poeta você retratou muito bem.
    a realidade do nosso amado RIO de JANEIRO!!!
    PARABÊNS POETA NALDO VELHO!!!
    CARMENCITA VESPER.

    ResponderExcluir
  4. Muito bom. Excelente caro amigo Ronaldo. Muito bom. Parabéns e continue assim nos brindando com suas belas poesias.

    ResponderExcluir