NALDOVELHO
Não quero o verbo amarelado
em versos de mel encharcados.
Prefiro os de vinho tinto,
rascantes e embriagados,
por madrugadas insones,
ruas de uma cidade deserta,
ou então os sujos de sangue,
ardidos e amarrotados.
Não quero o verbo perfeito
em versos bem lapidados,
prefiro os cheios de arestas
que incomodem entranhas,
inquietude bendita, já faz tantos anos,
farpas, cacos de vidro,
espinhos espetados, doídos,
que eu macero e transformo em versos.
Não quero flores perfumes,
pássaros enamorados, queixumes.
Prefiro versos enlouquecidos,
Bill Evans num piano perverso
e garrafa inteira de absinto,
pois das suas garras, ainda me lembro,
deixaram cicatrizes medalhas,
volta e meia costumam sangrar.
Gostei muito! Lilian Reis.
ResponderExcluirO imperfeito tem graça, asa e faz você voar.
ResponderExcluirLindo, querido poeta!Parabéns!
Perfeito sempre!
ResponderExcluirRelembrando Fernando Pessoa
"Quando quis tirar a máscara...Estava pegada à cara.
Quando a tirei e me vi ao espelho...Já tinha envelhecido"
Bjs
Também prefiro a poesia arrancada do sentimento mais puro!
ResponderExcluirRendo-te letras!Sempre sensível!
Beijo
Bela Poesia caro amigo. Muito bom. Continue assim nos brindando com suas belas poesias. Abraços fraternos do amigo Paulo Resende.
ResponderExcluirCom sempre magnífico, porém há algo especial neste poema.
ResponderExcluirTalvez por não acompanhá-lo sempre, por falta de tempo, senti em seu texto um tom apimentado e delicioso de ler e degustar.
Bjoks
Gosto tanto que ousei compartilhar no meu face.
ResponderExcluirOdir
Seus versos enlouquecidos são belos, ainda que "rascantes e embriagados,"e"cheios de arestas que incomodam entranhas", deixando cicatrizes. Muito grata por nos presentear com tão belo belo poema.Carinhoso abraço, poeta Naldo Velho.
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