sábado, 27 de agosto de 2011

BUSCA


   NALDOVELHO

   Busco na força dos ventos
   a semente do furacão que assola,
   faz tempo, minhas entranhas
   e na chuva que brota macia
   as raízes da tempestade;
   águas que eu teimo e choro
   toda a vez que sinto saudade.

   Busco no silêncio que permeia a tarde
   a razão da inquietude que eu temo
   e no veneno da mais insidiosa serpente
   o remédio para a dor de uma paixão.
   Gasturas herdadas de um tempo
   de muita loucura e aguardente,
   sangue, suor, solidão.

   Busco nas madrugadas insones
   o remédio pra dor que alucina,
   nas ruas repletas de sonhos
   a coragem dos poetas e dos tolos,
   e nos poemas que eu teimo e faço
   as chaves da minha redenção.

   E ainda que nublada a cidade,
   e ardida a verdade que ruge,
   nada impedirá que eu me encontre,
   pois cicatrizados os cortes que sangram
   e convertidos os demônios que assombram;
   escreverei num epitáfio a verdade:
   ainda estou tão distante
   e muito tenho que aprender.

2 comentários:

  1. Muito lindo, aliás tudo o que você escreve. PArabéns!
    Vou assinar como anônimo mas eu sou a Marisa de Paula Souza

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  2. Como sempre você expressa a emoção em forma de belissima poesia...com carinho
    Heloisa Crosio

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