Nuvens compactas, sombrias, se apossam dos dias.
Tardes chuvosas, tão frias, se mostram vazias.
Ruas, calçadas e praças molhadas
aprisionam a criança, atiçam lembranças.
Folhas caídas, outono, abandono,
mostram-se nostálgicas, revelam enganos.
Notícias dão conta que a dor que se planta
traz frutos ardidos, azedumes, espantos.
O beijo negado, secura nos lábios,
o carinho abortado; padece a poesia.
São teias, são dramas, são tramas vazias.
O cheiro da terra molhada me chama pra cama,
pro colo da dama, que chama meu nome, quer mais poesia.
Que drama, não chore, que drama!
O som do piano, solitário e profano,
a orquestra parada assiste ao seu solo;
um violino abusado desfaz os meus planos,
o rufar dos tambores me tira o sono.
Versos sem nexo, confusos, insanos.
Quem sabe um navio me leve pra longe?
Quem sabe um desvio me trague de volta?
Quem sabe a poesia revele meus sonhos?
Quem sabe meus sonhos tragam o amanhecer?
Quem sabe....talvez.
ResponderExcluirLindo, como sempre, caro poeta!
Meu abraço.